domingo, 28 de novembro de 2010

É muito difícil

Ultimamente, estão tentando mudar a imagem da bebida, com leis secas e afins, mais ou menos o que fizeram há um tempo com o cigarro, que hoje está marginalizado. Mas um alcoólatra invertebrado não cai nessa. Ele sabe o que precisa, sabe onde encontrar, e sabe o estado que quer ficar.


Ser bêbado não é pra qualquer um, diria Charlie Harper, personagem – ou não – de Charlie Sheen, no seriado Two and Half Men. Na verdade, o próprio Charlie se complica na vida real por causa da bebida.

As pessoas julgam muito os alcoólatras, principalmente os moradores de rua, mas ninguém sabe a dificuldade que estes cidadãos passam, e como é difícil tentar assimilar o que ocorre ao seu redor, sem parecer que tem um problema.

Imaginem um cara, naquele estado constante de alucinação, sentado no balcão de um bar, tentando entender o que se passa no mundo atual. A TV está ligada, no jornal. O homem só consegue ver um vulto da telinha, mas escuta o pessoal dizendo, empolgados: “O Alemão tá cercado, o alemão tá perdido..” O bêbado, tentando fazer amizade, vira para alguém que toma um suco e diz: “viu sóss, zabia que ezze tal de Xumaques ia ze dar mal ze voltasse a correr”. A pessoa ao lado, sóbria, insultada com aquilo, responde: “o senhor não tem Jesus no coração, não?”, e o bêbado, mais que depressa “nus corazauns não, mas torzos muitos por elezz na jurupitas fami”. O bêbado está sozinho novamente...

Ele passa horas falando com qualquer um que sente ao lado dele, e em nenhum momento acha que tudo aquilo é inapropriado. Então, chega a hora que ele esperava, a hora do futebol! Antes do começo do jogo, ele canta “tans tans tan tans tatatatatatans”, no ritmo da vinheta da emissora, feliz da vida por ver –ou pelo menos tentar – seu time jogar.

A partida começa, e o bêbado escuta a torcida do próprio time ameaçando os jogadores caso a equipe não perca, xingando o goleiro a cada defesa, e vibrando quando o time sofre gol. Sem entender nada, o pobre homem olha para seu copo americano, pensando em parar de beber, mas desmaia, e esquece o que aconteceu..

Acorda, chorando, e vai para casa, onde a mulher o espera com um porrete na mão. “Aonde você estava, seu vagabundo?”, pergunta. “Oia muié, eu tava num bar, achando que tava bêbado, mas por tudo que vi,e ouvi, acho que eu era o cara mais consciente lá”. E sua noite termina com hematomas por todo o corpo, que poderão ser curados com altas doses de bebida. Dá pra julgar? É muito dificíl..

Abraços e ótima semana a todos!
PS.
RIP Leslie Nielsen